Wednesday, January 31, 2007

PLANETEN SESSION IX (31.01.07)

Hoelderlin - "Traum" (Hölderlins Traum, 1972)
Hoelderlin - "Requiem für Einen Wicht" (Hölderlins Traum, 1972)

Die Liste #11 (Robert Wyatt - The End of an Ear)

Emtidi - "Space Age" (Emtidi, 1970)
Emtidi - "Flutepiece" (Emtidi, 1970)
Hoelderlin - "Scwebebahn" (Hoelderlin, 1975)
Hoelderlin - "I love my dog" (Hoelderlin, 1975)

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Planetarische Umlaufbahn #7 LA DÜSSELDORF - VIVA
Nos anos que se seguiram ao término de actividades dos seminais Neu! tanto Klaus Dinger como Michael Röther prosseguiram os seus desígnios musicais. Röther embrenhou-se na Alemanha profunda, viajando até ao quartel-general do duo Cluster em Forst, uma pequena aldeia de terrenos férteis onde as sementes do projecto Harmonia floresceram. Klaus Dinger tomou um caminho literalmente bem mais familiar, aliando-se ao irmão, Thomas Dinger, e ao assistente de estúdio de Conny Plank, Hans Lempe, para formar os La Düsseldorf.
O trio gravou três discos no período entre 1976 e 1981, “La Düsseldorf”, “Viva”, e “Individuellos”. O primeiro registo homónimo alcançou uma projecção significativa, em grande parte derivada do single “Silver Cloud”. Neste álbum a repetição incessante do nome da cidade germânica gera um efeito subliminar no ouvinte, que assim é conduzido através das suas movimentadas ruas.
No segundo disco, “Viva”, podemos encontrar condensadas as fundações estruturais do punk britânico, que despontava na altura, mas com roupagens líricas distintas. Ouvir ambas as músicas será semelhante a uma experiência alucinogénica com o espelho de Alice de Lewis Carrol, onde dois mundos se reflectem mutuamente, têm aparências semelhantes, mas existências bem distintas. Neste caso, o lado britânico da realidade é soturno e sombrio, enquanto que no lado germânico dos La Düsseldorf resplandece a alegria e a luminosidade. Da audição deste registo destaca-se imediatamente o longo épico kosmische “Cha Cha 2000”, que ocupa todo o lado B, e onde são percorridos territórios habitados por Walter Carlos, em particular a sua banda sonora para o filme “A Clockwork Orange”, e recuperadas as melodias agradáveis dos Kraftwerk, dos quais Klaus Dinger chegou a fazer parte por breves momentos. O lado A, por seu turno, começa com o tema “Viva”, cantado em francês e alemão, e termina com Dinger a entoar “all you need is love”, refrão da popular música dos Beatles, na faixa “Geld”.
Em “Viva” existe um chamamento vindo do futuro, uma afirmação clara da necessidade da evolução comunitária que requer um considerável esforço individual de introspecção. Afirmações ingénuas, alguns dirão, mas impregnadas de uma honestidade arrebatadora, exemplarmente simbolizada na fotografia da contracapa, onde um Klaus Dinger vestido de branco da cabeça aos pés se inclina, sorridente, para beijar um quadrúpede.

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Thursday, January 25, 2007

DIE LISTE #10

Zamla Mammaz Manna – “Schlagerns Mystik/För Äldre Nybegynnare” (1978/1977)

A crónica de hoje seleccionou dois álbuns num, o que não é o mesmo que um duplo álbum. Num duplo álbum, um mesmo conceito desenvolve-se em dois LPs. Aqui trata-se de dois álbuns de uma mesma banda, editados simultânea e conjuntamente, mas em dois Lps. Na verdade, estes dois álbuns figuram na Lista sob o nome de uma outra banda que difere destoutra pela distância que separa o S do Z. Porém, a diferença nominal entre Samla Mammas Manna e Zamla Mammaz Manna exprime uma evolução e uma diferente composição. Em 1977, o grupo sueco de rock progressivo Samla Mammas Manna (a que chamaremos doravante SMM, por razões de simplificação) transformou-se nos Zamla Mammaz Manna (doravante, ZMM), representantes suecos do movimento musical contracorrente “Rock In Opposition”, engendrado pelos ingleses Henry Cow, ao lado de outros grupos que constam da Lista, como Univers Zero (da Bélgica) ou Etron Fou Leloublan (de França). Os ZMM guardaram dos SMM a inspiração na música tradicional sueca, o contributo do rock progressivo e o saber do jazz de fusão escandinavo, mas o experimentalismo e o vanguardismo tornaram-se predominantes num contexto onde o humor e a improvisação se haviam já manifestado.

“Schlagerns Mystik”, o modo sueco de dizer “A Mística da Música Popular” é o álbum de estúdio, gravado em 1978, onde as raízes tradicionais são óbvias, com a utilização de acordião, xilofone e guitarra acústica, mas transmutadas, com uma invulgar destreza, num ostensivo escárnio, ainda que protegido por uma candura infantil e uma leveza lúdica. Só a última faixa, “The Fate”, desvela as origens progressivas do conjunto.

“För Äldre Nybegynnare”, isto é, “Para principiantes mais velhos”, é o segundo álbum e reúne gravações de improvisações feitas ao vivo durante os anos de 1976 e 1977. A criatividade era ali sem limites e as soluções, no mínimo, inesperadas, contudo, um fenómeno de “estranheza familiar” (a freudiana “unheimlichkeit”), ao escutar o álbum, faz-nos duvidar do carácter de improviso destas faixas. Dúvidas que só podem, no entanto, ser elididas pela certeza de uma capacidade técnica instrumental e contrapontística a toda a prova, elogiada, aliás, por Chris Cutler ao considerá-los “a melhor banda de improvisação”a que já mais tinha assistido.

Ouçamos primeiro duas faixas do primeiro álbum – “At Ragunda” e “Not Margareta” – onde o humor impera tanto na música como na letra, nomeadamente, na segunda, que parece cantar apenas a história de uma menina marota, mas que afinal se revela ser sobre uma rapariga de má vida. Fiquemos depois com “Urmakare part.2” (Relojoeiro part.2), onde o génio da improvisação e da experimentação se exprimem inequivocamente, e “Moderna” que anuncia já a liberdade e a força de transgressão dos anos seguintes, com a ausência de limites tímbricos, de altura ou de intensidade, por vezes a tocar na desarmonia, na distorção e no ruído.

Tracklist:

LP 1 Schlagerns Mystik

1. At Ragunda (1:37) 2. Seasonsong (3:48) 3. Proffesion is the Amateur's Glue (2:20) 4. Buttonless (2:15) 5. Not Margareta (3:47) 6. Little Karin (4:15) 7. Asphaltsong (1:52) 8. Joosan Lost (0:25) 9. The Fate (17:00)

LP 2 För Äldre Nybegynnare

1. Watchmaker 1 (3:40) 2. Watchmaker 2 (2:29) 3. The Funktrap (2:45) 4. Short Inheritance (1:53) 5. The Modern (6:20) 6. Temporal You Are (2:32) 7. Harness in Memorandum (11:30) 8. To the Oval Meter (3:46) 9. Do You Think You Like Me? (5:15)

Line-Up:

- Hans Bruniusson / drums, xylophone, chimes, vibraphone, song - Eino Haapala / electric guitar, acoustic guitar, vibraphone, song - Lars Hollmer / electric piano, Korg polyphonic, Hohner-symphonic grand piano, accordion, song - Lars Krantz / electric bass, double-bass, acoustic guitar, song



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PLANETEN SESSION VIII (24.01.07)

Harmonia - "Watussi" (Musik von Harmonia, 1974)
Harmonia - "Serr Kosmische" (Musik von Harmonia, 1974)
Harmonia - "Sonnenschein" (Musik von Harmonia, 1974)

Die Liste #10 (Zamla Mammaz Manna)

Yatha Sidra - "A Meditation Mass, part. 1" (A Meditation Mass, 1973)
Harmonia - "Veterano" (Musik von Harmonia, 1974)

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Wednesday, January 17, 2007


DIE LISTE #9


L’Infonie – “Vol. 333” (1972)

Esta é a 9ª crónica sobre a Lista de Nurse With Wound, uma bela oportunidade de encontrar um disco e uma agulha numa távola redonda de dissecação aritmética. Ora se abrirmos o número 9 em 3 partes, descobrimos que 9 é 3x3, ou seja, 3+3+3, e é por isso que trazemos hoje aqui “Vol. 333”, isto é, o 3º álbum de um projecto tricotómico de 33 artistas. Na verdade, era de uma trindade que se tratava, pois houve 3 motores nesta criativa máquina de triplicar: Walter retlaW uaerdouB Boudreau, o motor musical de L’Infonie, Claude Edualk Ts-Nyamreg St-Germain, o seu contador delirante, e Raôul luôaR yaugud Duguay, o motor verbal, o poeta. Este furor criativo começou no KébèK (Québec) no ano de 1967 e durou até 1974, num happening contínuo que agregava todas as formas de expressão, todas as influências musicais, visuais, performativas, todos os modos de inspiração meditativa, psicotrópica e contra-cultural. O nome de L’Infonie quer dizer, na primeira parte, “dedans le fun qui sonne” (dentro do fun que ressoa) ou loucura criadora; na segunda parte, “sinfonia interior”; na terceira, “música do infinito”. Os seus autores afirmavam-se herdeiros do movimento artístico e intelectual liderado por Paul-Émile Borduas, que a 9 de Agosto de 1948 escrevera o manifesto anti-establishment e anti-religioso “Le Refus Global”, fonte de inspiração para a “anarquia resplandecente” de L’Infonie, mas em vez de uma “recusa global” tratava-se agora de uma aceitação positiva e totalisante de todos os elementos culturais e expressivos que compunham esta roda triangular. Os seus discos revelavam uma liturgia psicadélica, um desejo sarcástico de agregação, uma dinâmica esquizóide de triangulação temporal. Aliás, o curriculum vitae que conta a história – nascimento, evolução e fim – deste projecto pode ser consultado numa antologia de 333 páginas e 3/3, ilustrada com 33 imagens (preto, branco e cor).

Vol. 333 é composto de 2 LP, que libertam poesia, canto, jazz, Bach, teatro de rua, experimentação acústica e radiofónica, instrumentos clássicos convencionais ou preparados, sarcasticamente envolvidos numa suite eucarística, com elementos concertantes e dissonantes. A audição destes discos exige por vezes uma escuta activa, noutras permite o relaxamento dos ouvidos. Seleccionámos, numa missão impossível de mostrar a variedade e riqueza deste projecto, o “Prelude”, 1ª faixa do 1º disco que abre com uma explosão orquestral que adormece lentamente numa improvisação jazzística e se apaga num cluster de órgão; “Prelude XXII”, do 2º disco, onde um momento bachiano se dissolve numa viagem burlesca pelo vaudeville de província; por fim, ouviremos apenas um excerto de “La Toune Platte”, a última faixa do álbum, com um pouco de jazz e drama. Usemos então os nossos três ouvidos para escutar, pois “o primeiro ouvido tudo dividiu, o segundo ouvido tudo multiplicou, [e] o terceiro ouvido tudo unificou”.



Tracklist:

LP 1 (Paix 1 à 50)

1. Prélude (2:56)
2. Section 1-17 (10:52)
3. Section 18 (6:37)
4. Section 19-23 (3:19)
5. Section 24-30 (8:43)
6. Section 31-32 (1:11)
7. Section 33-50 (9:12)

LP 2

1. Concerto en Ré Mineur (Allegro) (8:18)
2. Concerto en Ré Mineur (Adagio) (6:15)
3. Prélude XXII (6:53)
4. Kyrie (5:15)
5. Ubiquital (9:15)
6. La Toune Platte (10:04)

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PLANETEN SESSION VII (17.01.07)

La Dusseldorf - "Cha Cha 2000" (Viva, 1978)

Die Liste #9 (L'Infonie)

Edgar Froese - "ngc891" (Aqua, 1974)
La Dusseldorf - "Viva" (Viva, 1978)

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Tuesday, January 16, 2007

Planetarische Umlaufbahn # 6

WALTER WEGMÜLLER - TAROT

A marca deixada por Walter Wegmüller na música alemã que aqui destacamos é singular. Este adjectivo aplica-se literalmente, já que a sua produção musical apenas inclui este álbum, mas também como meio de ilustrar o conceito que lhe esteve associado.
Tarot foi editado no início de 1973 pela Kosmische Kuriere, subsidiária da editora Ohr, que viria a suportar as futuras reuniões dos Cosmic Jokers em 1973 e1974. Foi produzido por Rolf-Ulrich Kaiser e Gile, e gravado no estúdio de Dieter Dierks. Tendo em Wegmüller o ser artífice (foi ele quem compôs e dirigiu todos os temas), Tarot foi criado por uma amálgama de músicos dos Ash Ra Tempel (Manuel Göttching, Hartmut Henke, Harald Grosskopf e Klaus Schulze) e dos ex-Wallenstein, Jerry Berkers e Jürgen Dollase, para além da colaboração de Walter Westrupp (Witthusser&Westrupp) e dos convidados Rosi Müller e Dieter Dierks.
A ideia de conceber um disco tendo por base as cartas de Tarot terá ganho um impulso decisivo no encontro que grande parte destes músicos teve com Timothy Leary e Sergius Golowin no Verão de 1972, na Suiça, aquando da gravação de Seven-Up, álbum dos Ash Ra Tempel. Reputado excêntrico, pintor e artista de rua, místico e esotérico, Wegmüller aliou estes atributos ao desafio então lançado, pois desde 1968 que coleccionava pinturas das figuras do Tarot da sua autoria. Contornos mais precisos desta ideia talvez se encontrem em “The World of Tarot”, livro da autoria de Golowin - amigo de Wegmüller e também ele com um álbum lançado, Lord Krishna von Goloka de 1972 -, que conta as aventuras dos dois em viagens pela Europa Central em exploração de lendas ciganas.
A componente visual do disco é assinalável: a edição original (um duplo LP) conta com 22 cartas de Tarot pintadas por Wegmüller, bem como pequenos encartes com as imagens dos músicos e com a explicação do conceito do trabalho. Wegmüller é o guia, o narrador desta imaginativa viagem pelas suas visões do Tarot, em que cada tema designa uma carta.
Sendo um hino ao que pode apelidar-se de música cósmica, a sonoridade apresentada é heterogénea: rock espacial com riffs ácidos da guitarra de Göttching, melodias folk com guitarra acústica, sintetizadores e delicadas composições electrónicas, diversões cósmicas de pendor ora caótico, ora com quadros mais meditativos e tranquilos. As evocações de Wegmüller surgem como um sopro arrastado por um sotaque germânico distinto.

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Thursday, January 11, 2007


DIE LISTE #8

Fille qui mousse – “Se taire pour une femme trop belle” (1972)

“Trixie Stapelton 291”. Em meados da década de 90, este foi um dos nomes com que foi editado, em cd, o álbum dos Fille Qui Mousse. O outro era “Se taire pour une femme trop belle”. Edições mal cuidadas com fraca ou nenhuma informação sobre os músicos e o nome das faixas. A razão para o surgimento destas “bootlegs” tem a ver com o grau mitológico a que chegou um dos projectos mais obscuros da Lista. Tão obscuro que chegou a duvidar-se da sua existência. Dúvidas que aumentaram quando surgiu tantos anos mais tarde um disco francês com o título enigmático de “Trixie Stapelton 291”. Tratava-se obviamente de uma referência ao culto gerado pela Lista de Nurse With Wound (o grupo de Steven Stapleton), que contém precisamente 291 nomes de bandas (isto, se considerarmos que Amon Düll, Amon Düll II, Limbus 3 e Limbus 4 correspondem a apenas duas bandas, em vez de quatro). Se recordarmos que o próprio Stapleton disse, a dada altura, que alguns nomes de bandas eram inventados, esta parecia precisamente uma das partidas da Lista.

Contra todas as aparências, porém, no verão de 1971 foi efectivamente gravado um álbum com o nome “Se taire pour une femme trop belle” que deveria ser lançado pela lendária editora francesa Futura que editara já, há data, outros nomes que figuram também na Lista: Jean Guérin, Jacques Thollot, Mahogany-Brain, Semool, Horde Catalytique pour la Fin, Bernard Vitet e Red Noise. Fille Qui Mousse era o projecto experimental do músico-jornalista Henri-Jean Enu, editor parisiense de “Le Parapluie”, publicação alternativa de inspiração “soixante-huitarde”, juntamente com os músicos François Guildon, Benjamin Legrand, Jean-Pierre Lentin, Dominique Lentin, Denis Gheerbrandt, Sylvie Péristéris, Léo Sab e a voz de Barbara Lowengreen, que dá nome à primeira faixa. À falta de melhor, pode dizer-se que é um grupo de rock experimental, mas só as primeira e última faixas de improvisação psicadélica se aproximam do que conhecemos por rock. Quanto ao resto, trata-se de experiências de estúdio, fragmentos de poesia sonora surrealista, colagens de ruídos e improvisações com instrumentos preparados e ainda um momento inspirado pelo folclore da bretanha com uma “vielle à roue”, correspondente à nossa “sanfona”. Os títulos das faixas são tão desconcertantes como os sons que emitem ou a letra em inglês do único “hit” pop de um minuto: “Magic-bag”. Em dezembro de 1971 o álbum era misturado, mas um ano depois apenas 10 a 12 cópias existiam, resultantes de testes em vinil prensado. A editora Futura atravessava problemas financeiros que impediram a edição oficial do disco. Contingência que somada ao facto de constarem de uma lista de música experimental rara e cobiçada criou um culto crescente entre os fanáticos do bizarro e do inusitado. Só em 2002, aparecia a edição fiável pela Fractal-records para acalmar as ânsias dos coleccionadores, objectivo impossível de cumprir, visto que a aura de legitimidade e autenticidade continua a acompanhar aquelas 10/12 cópias em vinil prensado.

Seleccionámos para escuta: “Princesse nuage”, uma experiência rítmica de embalar com percussão e cordas; “Amour-gel”, momento poético surrealista numa paisagem suburbana aparentemente nocturna, com cães a ladrar ao longe; a 9ª faixa, sem título, que consiste numa improvisação em guitarra eléctrica; e finalmente, a primeira faixa, “Barbara Lowengreen speed way”, rock psicadélico relativamente mais convencional.

Escutemos então aqueles que pelo seu experimentalismo e radicalismo já foram denominados como os “Faust franceses”!



Tracklist:

1. Barbara Lowengreen Speed-Way (5:46)
2. Mirroir Nagait Dans Le Lac Du Bois De Boulogne (0:57)
3. Princesse Nuage (2:00)
4. Amour-Gel (2:28)
5. Derrière Le Paravent (5:44)
6. Bubble Gun A Jacqueline Prothèse (1:26)
7. Tibhora-Parissall (1:06)
8. Magic-Bag (1:04)
9. [sem título] (3:06)
10. Gibet-Jasmin Ordination (3:07)
11. Annal-Mandreke-Cool Non Imperial News (8:30)


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Wednesday, January 10, 2007

PLANETEN SESSION VI (10.01.07)

Walter Wegmüller - "Der Magier" (Tarot, 1973)
Walter Wegmüller - "Der Teufel" (Tarot, 1973)
Walter Wegmüller - "Der Weise" (Tarot, 1973)

Die Liste #8 (Fille Qui Mousse)

Virus - "Revelation" (Revelation, 1971)
Walter Wegmüller - "Die Welt" (Tarot, 1973)

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Monday, January 08, 2007



Planetarische Umlaufbahn #5 DEUTER

Georg Deuter foi um dos primeiros músicos a misturar o vanguardismo ocidental com a espiritualidade oriental, instrumentos electrónicos com outros tradicionais, influências étnicas com sons da natureza. Ao fazê-lo acabou por se tornar um pioneiro, definindo um estilo musical, que hoje em dia reconhecemos como new-age, muitos anos antes deste se tornar um cliché. A sua obra é extremamente vasta, contudo aqui abordaremos essencialmente os seus dois primeiros discos, verdadeiros clássicos onde a mistura de rock psicadélico, música cósmica e fusão étnica, é bastante marcada.
Nascido em 1945, na pequena cidade de Falkenhagen, iniciou a sua carreira profissional como desenhador gráfico. Por aqui teria ficado, um diligente e pontual trabalhador, não fosse um grave acidente de viação ter alterado por completo a sua vida, decorria então o ano de 1970. A exploração musical era um sonho, uma fantasia que nele habitava, mas a realidade quotidiana era bem diferente. Até esse momento, Deuter prosseguia os seus estudos de guitarra e flauta, num registo autodidata, dedicando apenas os seus tempos livres à composição musical, actividade fortemente desencorajada pelos seus progenitores. O trauma, para além das óbvias consequências nefastas que dele podem advir, tem muitas vezes o condão de motivar a reflexão existencial e de despertar a pessoa para os seus verdadeiros desígnios. Assim parece ter acontecido com um jovem Deuter, que aos 25 anos de idade, e depois de um encontro passageiro com a morte, mergulha por completo no universo musical.
Em 1971 grava o primeiro registo de uma extensa discografia, simplesmente denominado “D”, onde o virtuoso manejo da guitarra coloca-o a ombrear com Manuel Göttsching, dos Ash Ra Tempel, alvo da última Planetarische Umlaufbahn. Neste álbum podemos encontrar a sublime peça Babylon, subdividida em quatro movimentos, um andantino de toques de campainha electronicamente modificados e choro de bebé, um allegro de rock psicadélico para baixo, guitarra e teclados, um andante “cósmico” próximo de Tangerine Dream, e um final allegre pautado por sons tumultuosos. A este primeiro registo editado pela Kuckuck, segue-se um segundo em 1972, intitulado “Aum”, onde a influência da música rock é consideravelmente menor. É precisamente com este disco que Deuter inaugura um novo estilo musical, conjugando elementos étnicos e atmosferas electrónicas, para construir atmosferas sugestivas, misteriosas e inquietantes.As suas incessantes buscas espirituais conduziram-no até à Índia, mais precisamente à localidade de Poona, onde estudou música e religião orientais no ashram de Bhagwan Shree Rhajneesh. Foi aqui que abraçou a fé budista, tornando-se Chaitanya Hari Deuter. Durante os anos 80, este indivíduo de apurado sentido de espiritualidade e religião muda-se para o outro lado do Atlântico, curiosamente para uma localidade chamada Santa Fe, nos Estados Unidos, onde ainda hoje continua a compor melodias delicadas, perfeitamente adequadas a qualquer sessão de meditação ou relaxamento.

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Friday, January 05, 2007



DIE LISTE #7

Pierrot Lunaire – “Gudrun” (1976)

Esta semana seleccionámos da lista um álbum de referência do rock progressivo italiano de vanguarda: “Gudrun”. Trata-se do segundo LP dos Pierrot Lunaire, mais experimental e ousado que o seu primeiro, onde a inovação já era uma marca visível, mas incipiente quando comparado com este heteróclito mas consistente composto de classicismo, jazz, música de cena, recitativo barroco e sprechgesang, electrónica e colagens sonoras. Aliás, conceptualmente, o álbum é uma colagem de fotografias sonoras, pois entre cada faixa é na verdade possível identificar o ruído mecânico de uma máquina fotográfica, porém a luz difusa que provém da aura lunar que rege todo o disco não fixa, antes permite libertar um fluxo de paisagens musicais que evolui num ritmo subliminar e imperceptível. Apesar da inefabilidade que vela este álbum, trata-se de um trabalho estruturado e complexo, onde Arturo Stalteri, o pianista, compositor e poli-instrumentista (piano, órgão, glockenspiel, violino, guitarra) que lidera esta criação, mas também Gaio Chiocchio (guitarras, cravo, mandolim, sintetizador, sitar...) e a contralto galesa, Jacqueline Darby, investem a sua formação clássica e um espírito poético obviamente inspirado. Os poemas do simbolista belga Albert Giraud datam já de finais do século XIX (1884) e a revolucionária obra atonal de Arnold Schönberg de 1912, mas foi sobretudo o pós-modernismo americano das décadas de 60 e 70 que exerceu influência mais imediata sobre Arturo Stalteri, que mais tarde trabalharia a solo obras de Philip Glass, por exemplo. E pós-modernista é concerteza este álbum que reutiliza crítica mas também hedonisticamente experiências musicais e poéticas tão distintas.

Escolhemos três faixas para escutar. A primeira, “Gallia”, começa com a voz de Jacqueline Darby, num momento lunar que parece retirado de um dos poemas musicados por Schönberg e termina num caos de ondas hertzianas, não menos lunar. A segunda, “Sonde in Profondit”, é uma interrupção radiofónica de um programa de música popular italiana para a leitura de um boletim de guerra, onde surge subtilmente uma balada que desemboca numa mensagem telegráfica ultramarina. A terceira e última, “Morella”, demonstra os dotes pianísticos de Arturo Stalteri e o virtuosismo da cantora, numa explosão de emoção lírica, mas com um humor nocturno que faz recordar Satie.

Tracklist:
(LP)
1. Gudrun (11:27)
2. Dietro il silenzio (2:35)
3. Plaisir d'amour (4:43)
4. Gallia (2:11)
5. Giovane madre (3:47)
6. Sonde in profondit (3:33)
7. Morella (5:01)
(faixas extra no CD)
8. Mein Armer Italiener (5:15)
9. Gudrun (previously unreleased) (6:48)
10. Giovane madre (previously unreleased) (3:48)

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Wednesday, January 03, 2007

PLANETEN SESSION V (03.01.07)

Deuter - "Babylon" (D, 1971)
Deuter - "Der Turm Fluchpunkt" (D, 1971)

DIE LISTE #7 (Pierrot Lunaire)

Guru Guru - "UFO" (UFO, 1970)
Deuter - "Gammastrahlen Lamm" (D, 1971)
Deuter - "Susani" (Aum, 1972)

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