Thursday, January 25, 2007

DIE LISTE #10

Zamla Mammaz Manna – “Schlagerns Mystik/För Äldre Nybegynnare” (1978/1977)

A crónica de hoje seleccionou dois álbuns num, o que não é o mesmo que um duplo álbum. Num duplo álbum, um mesmo conceito desenvolve-se em dois LPs. Aqui trata-se de dois álbuns de uma mesma banda, editados simultânea e conjuntamente, mas em dois Lps. Na verdade, estes dois álbuns figuram na Lista sob o nome de uma outra banda que difere destoutra pela distância que separa o S do Z. Porém, a diferença nominal entre Samla Mammas Manna e Zamla Mammaz Manna exprime uma evolução e uma diferente composição. Em 1977, o grupo sueco de rock progressivo Samla Mammas Manna (a que chamaremos doravante SMM, por razões de simplificação) transformou-se nos Zamla Mammaz Manna (doravante, ZMM), representantes suecos do movimento musical contracorrente “Rock In Opposition”, engendrado pelos ingleses Henry Cow, ao lado de outros grupos que constam da Lista, como Univers Zero (da Bélgica) ou Etron Fou Leloublan (de França). Os ZMM guardaram dos SMM a inspiração na música tradicional sueca, o contributo do rock progressivo e o saber do jazz de fusão escandinavo, mas o experimentalismo e o vanguardismo tornaram-se predominantes num contexto onde o humor e a improvisação se haviam já manifestado.

“Schlagerns Mystik”, o modo sueco de dizer “A Mística da Música Popular” é o álbum de estúdio, gravado em 1978, onde as raízes tradicionais são óbvias, com a utilização de acordião, xilofone e guitarra acústica, mas transmutadas, com uma invulgar destreza, num ostensivo escárnio, ainda que protegido por uma candura infantil e uma leveza lúdica. Só a última faixa, “The Fate”, desvela as origens progressivas do conjunto.

“För Äldre Nybegynnare”, isto é, “Para principiantes mais velhos”, é o segundo álbum e reúne gravações de improvisações feitas ao vivo durante os anos de 1976 e 1977. A criatividade era ali sem limites e as soluções, no mínimo, inesperadas, contudo, um fenómeno de “estranheza familiar” (a freudiana “unheimlichkeit”), ao escutar o álbum, faz-nos duvidar do carácter de improviso destas faixas. Dúvidas que só podem, no entanto, ser elididas pela certeza de uma capacidade técnica instrumental e contrapontística a toda a prova, elogiada, aliás, por Chris Cutler ao considerá-los “a melhor banda de improvisação”a que já mais tinha assistido.

Ouçamos primeiro duas faixas do primeiro álbum – “At Ragunda” e “Not Margareta” – onde o humor impera tanto na música como na letra, nomeadamente, na segunda, que parece cantar apenas a história de uma menina marota, mas que afinal se revela ser sobre uma rapariga de má vida. Fiquemos depois com “Urmakare part.2” (Relojoeiro part.2), onde o génio da improvisação e da experimentação se exprimem inequivocamente, e “Moderna” que anuncia já a liberdade e a força de transgressão dos anos seguintes, com a ausência de limites tímbricos, de altura ou de intensidade, por vezes a tocar na desarmonia, na distorção e no ruído.

Tracklist:

LP 1 Schlagerns Mystik

1. At Ragunda (1:37) 2. Seasonsong (3:48) 3. Proffesion is the Amateur's Glue (2:20) 4. Buttonless (2:15) 5. Not Margareta (3:47) 6. Little Karin (4:15) 7. Asphaltsong (1:52) 8. Joosan Lost (0:25) 9. The Fate (17:00)

LP 2 För Äldre Nybegynnare

1. Watchmaker 1 (3:40) 2. Watchmaker 2 (2:29) 3. The Funktrap (2:45) 4. Short Inheritance (1:53) 5. The Modern (6:20) 6. Temporal You Are (2:32) 7. Harness in Memorandum (11:30) 8. To the Oval Meter (3:46) 9. Do You Think You Like Me? (5:15)

Line-Up:

- Hans Bruniusson / drums, xylophone, chimes, vibraphone, song - Eino Haapala / electric guitar, acoustic guitar, vibraphone, song - Lars Hollmer / electric piano, Korg polyphonic, Hohner-symphonic grand piano, accordion, song - Lars Krantz / electric bass, double-bass, acoustic guitar, song



Labels:

0 Comments:

Post a Comment

<< Home