Tuesday, January 16, 2007

Planetarische Umlaufbahn # 6

WALTER WEGMÜLLER - TAROT

A marca deixada por Walter Wegmüller na música alemã que aqui destacamos é singular. Este adjectivo aplica-se literalmente, já que a sua produção musical apenas inclui este álbum, mas também como meio de ilustrar o conceito que lhe esteve associado.
Tarot foi editado no início de 1973 pela Kosmische Kuriere, subsidiária da editora Ohr, que viria a suportar as futuras reuniões dos Cosmic Jokers em 1973 e1974. Foi produzido por Rolf-Ulrich Kaiser e Gile, e gravado no estúdio de Dieter Dierks. Tendo em Wegmüller o ser artífice (foi ele quem compôs e dirigiu todos os temas), Tarot foi criado por uma amálgama de músicos dos Ash Ra Tempel (Manuel Göttching, Hartmut Henke, Harald Grosskopf e Klaus Schulze) e dos ex-Wallenstein, Jerry Berkers e Jürgen Dollase, para além da colaboração de Walter Westrupp (Witthusser&Westrupp) e dos convidados Rosi Müller e Dieter Dierks.
A ideia de conceber um disco tendo por base as cartas de Tarot terá ganho um impulso decisivo no encontro que grande parte destes músicos teve com Timothy Leary e Sergius Golowin no Verão de 1972, na Suiça, aquando da gravação de Seven-Up, álbum dos Ash Ra Tempel. Reputado excêntrico, pintor e artista de rua, místico e esotérico, Wegmüller aliou estes atributos ao desafio então lançado, pois desde 1968 que coleccionava pinturas das figuras do Tarot da sua autoria. Contornos mais precisos desta ideia talvez se encontrem em “The World of Tarot”, livro da autoria de Golowin - amigo de Wegmüller e também ele com um álbum lançado, Lord Krishna von Goloka de 1972 -, que conta as aventuras dos dois em viagens pela Europa Central em exploração de lendas ciganas.
A componente visual do disco é assinalável: a edição original (um duplo LP) conta com 22 cartas de Tarot pintadas por Wegmüller, bem como pequenos encartes com as imagens dos músicos e com a explicação do conceito do trabalho. Wegmüller é o guia, o narrador desta imaginativa viagem pelas suas visões do Tarot, em que cada tema designa uma carta.
Sendo um hino ao que pode apelidar-se de música cósmica, a sonoridade apresentada é heterogénea: rock espacial com riffs ácidos da guitarra de Göttching, melodias folk com guitarra acústica, sintetizadores e delicadas composições electrónicas, diversões cósmicas de pendor ora caótico, ora com quadros mais meditativos e tranquilos. As evocações de Wegmüller surgem como um sopro arrastado por um sotaque germânico distinto.

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