Monday, January 08, 2007



Planetarische Umlaufbahn #5 DEUTER

Georg Deuter foi um dos primeiros músicos a misturar o vanguardismo ocidental com a espiritualidade oriental, instrumentos electrónicos com outros tradicionais, influências étnicas com sons da natureza. Ao fazê-lo acabou por se tornar um pioneiro, definindo um estilo musical, que hoje em dia reconhecemos como new-age, muitos anos antes deste se tornar um cliché. A sua obra é extremamente vasta, contudo aqui abordaremos essencialmente os seus dois primeiros discos, verdadeiros clássicos onde a mistura de rock psicadélico, música cósmica e fusão étnica, é bastante marcada.
Nascido em 1945, na pequena cidade de Falkenhagen, iniciou a sua carreira profissional como desenhador gráfico. Por aqui teria ficado, um diligente e pontual trabalhador, não fosse um grave acidente de viação ter alterado por completo a sua vida, decorria então o ano de 1970. A exploração musical era um sonho, uma fantasia que nele habitava, mas a realidade quotidiana era bem diferente. Até esse momento, Deuter prosseguia os seus estudos de guitarra e flauta, num registo autodidata, dedicando apenas os seus tempos livres à composição musical, actividade fortemente desencorajada pelos seus progenitores. O trauma, para além das óbvias consequências nefastas que dele podem advir, tem muitas vezes o condão de motivar a reflexão existencial e de despertar a pessoa para os seus verdadeiros desígnios. Assim parece ter acontecido com um jovem Deuter, que aos 25 anos de idade, e depois de um encontro passageiro com a morte, mergulha por completo no universo musical.
Em 1971 grava o primeiro registo de uma extensa discografia, simplesmente denominado “D”, onde o virtuoso manejo da guitarra coloca-o a ombrear com Manuel Göttsching, dos Ash Ra Tempel, alvo da última Planetarische Umlaufbahn. Neste álbum podemos encontrar a sublime peça Babylon, subdividida em quatro movimentos, um andantino de toques de campainha electronicamente modificados e choro de bebé, um allegro de rock psicadélico para baixo, guitarra e teclados, um andante “cósmico” próximo de Tangerine Dream, e um final allegre pautado por sons tumultuosos. A este primeiro registo editado pela Kuckuck, segue-se um segundo em 1972, intitulado “Aum”, onde a influência da música rock é consideravelmente menor. É precisamente com este disco que Deuter inaugura um novo estilo musical, conjugando elementos étnicos e atmosferas electrónicas, para construir atmosferas sugestivas, misteriosas e inquietantes.As suas incessantes buscas espirituais conduziram-no até à Índia, mais precisamente à localidade de Poona, onde estudou música e religião orientais no ashram de Bhagwan Shree Rhajneesh. Foi aqui que abraçou a fé budista, tornando-se Chaitanya Hari Deuter. Durante os anos 80, este indivíduo de apurado sentido de espiritualidade e religião muda-se para o outro lado do Atlântico, curiosamente para uma localidade chamada Santa Fe, nos Estados Unidos, onde ainda hoje continua a compor melodias delicadas, perfeitamente adequadas a qualquer sessão de meditação ou relaxamento.

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