Thursday, July 17, 2008

DIE LISTE #57

Collegium Musicum – “Konvergencie” (1971)

Tal como na crónica anterior, o grupo de hoje também vem da antiga Checoslováquia. Porém, se os The Plastic People of the Universe chegavam directamente de Praga e cantavam em checo, os Collegium Musicum vinham do outro lado da ex-República Socialista, de Bratislava, hoje capital da Eslováquia e cantavam em eslovaco. Liderados pelo seu organista e compositor principal, Marián Varga, estiveram sobretudo activos entre 1970 e 1981 e “Konvergencie”, o álbum escolhido desta semana, é um dos melhores exemplos da sua música progressiva, informada pela formação clássica de Varga e pelo psicadelismo que governava todo o rock da época. Enquanto outros fundiam o rock com o jazz e com o folk, a marca distintiva dos Collegium Musicum é a fusão com a música barroca, clássica e pós-romântica de compositores como Bach (o primeiro single chamou-se precisamente “Hommage to J. S. Bach”), Haydn (“Concert in D” era uma das faixas do primeiro LP homónimo dos Collegium Musicum) ou Rimsky-Korsakov (que oferece os temas musicais de uma das faixas deste “Konvergencie”). Não que os outros géneros não aparecessem nos discos do grupo eslovaco, mas a tradição erudita que Varga recebeu desde os seis anos de idade, quando começou a frequentar uma escola artística em Bratislava, e depois durante todo o seu percurso académico, que o fez passar pelo conservatório da mesma cidade, influenciou-o determinantemente nas suas composições e arranjos. O próprio nome da banda é inspirado pelas sociedades de música que surgiram na Alemanha e Suíça, durante a Reforma protestante e que se mantiveram activas até ao século XVIII, e cuja vocação, ao contrário de outro tipo de sociedades da mesma época, era o cultivo da música para o prazer, não só de uma elite, mas de toda a comunidade; a ponto de se reconhecer na sua actividade os primeiros concertos públicos.
Tal como nesses collegia, também a música desta banda checoslovaca se destina ao público em geral, promovendo sobretudo o espírito festivo da música e não deixando transparecer uma mensagem política, como era o caso dos Plastic People of the Universe, que pudesse comprometer o futuro das explorações artísticas de Marián Varga. Isto não significa, no entanto, que estes músicos se entregassem aos facilitismos de uma música fácil e popularucha, antes pelo contrário, a intenção era progressiva e apresentava uma sincera motivação pelo desbravamento de novos campos musicais, mesmo que a estratégia, como em muitas outras manifestações pós-modernas daquela época, fosse retrotractiva.
Este álbum, “Konvergencie”, editado em 1971, pela Opus, como um duplo LP, é composto por apenas quatro faixas com cerca de vinte minutos, ou seja, cada faixa correspondendo a cada um dos lados dos vinis. PF abre o álbum. “Suita po tisíc a jednej noci” – que aparentemente significa Suite segundo as Mil e Uma Noites – inspira-se directamente na suite de Rimsky-Korsakov sobre o mesmo tema, chamada “Scheherazade”. “Piesne z kolovrátku” (canções de um realejo) e Eufónia compõem o segundo disco.

Tracklist:
LP 1
Lado A : PF
Lado B : Suita po tisíc a jednej noci

LP 2
Lado A : Piesne z kolovrátku
Lado B : Eufónia

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