Wednesday, January 31, 2007

Planetarische Umlaufbahn #7 LA DÜSSELDORF - VIVA
Nos anos que se seguiram ao término de actividades dos seminais Neu! tanto Klaus Dinger como Michael Röther prosseguiram os seus desígnios musicais. Röther embrenhou-se na Alemanha profunda, viajando até ao quartel-general do duo Cluster em Forst, uma pequena aldeia de terrenos férteis onde as sementes do projecto Harmonia floresceram. Klaus Dinger tomou um caminho literalmente bem mais familiar, aliando-se ao irmão, Thomas Dinger, e ao assistente de estúdio de Conny Plank, Hans Lempe, para formar os La Düsseldorf.
O trio gravou três discos no período entre 1976 e 1981, “La Düsseldorf”, “Viva”, e “Individuellos”. O primeiro registo homónimo alcançou uma projecção significativa, em grande parte derivada do single “Silver Cloud”. Neste álbum a repetição incessante do nome da cidade germânica gera um efeito subliminar no ouvinte, que assim é conduzido através das suas movimentadas ruas.
No segundo disco, “Viva”, podemos encontrar condensadas as fundações estruturais do punk britânico, que despontava na altura, mas com roupagens líricas distintas. Ouvir ambas as músicas será semelhante a uma experiência alucinogénica com o espelho de Alice de Lewis Carrol, onde dois mundos se reflectem mutuamente, têm aparências semelhantes, mas existências bem distintas. Neste caso, o lado britânico da realidade é soturno e sombrio, enquanto que no lado germânico dos La Düsseldorf resplandece a alegria e a luminosidade. Da audição deste registo destaca-se imediatamente o longo épico kosmische “Cha Cha 2000”, que ocupa todo o lado B, e onde são percorridos territórios habitados por Walter Carlos, em particular a sua banda sonora para o filme “A Clockwork Orange”, e recuperadas as melodias agradáveis dos Kraftwerk, dos quais Klaus Dinger chegou a fazer parte por breves momentos. O lado A, por seu turno, começa com o tema “Viva”, cantado em francês e alemão, e termina com Dinger a entoar “all you need is love”, refrão da popular música dos Beatles, na faixa “Geld”.
Em “Viva” existe um chamamento vindo do futuro, uma afirmação clara da necessidade da evolução comunitária que requer um considerável esforço individual de introspecção. Afirmações ingénuas, alguns dirão, mas impregnadas de uma honestidade arrebatadora, exemplarmente simbolizada na fotografia da contracapa, onde um Klaus Dinger vestido de branco da cabeça aos pés se inclina, sorridente, para beijar um quadrúpede.

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