
DIE LISTE #35
Costin Miereanu – “Luna Cinese” (1975)
Trata-se de um compositor com uma carreira académica recheada de títulos e condecorações. Nascido em Bucareste em 1943, fez os seus estudos na Academia de Música da capital romena, onde logo recebeu primeiros prémios em todas as categorias da educação musical, tendo, entre 1967 e 1969, sido aluno de Karlheinz Stockhausen e György Ligeti, nos famosos cursos de verão em Darmstadt. Completou os seus estudos teóricos em Semiótica Musical e Filosofia, em Paris, onde em 1977 adquiriu a nacionalidade francesa. Doutorado em 1979, torna-se o professor catedrático da disciplina de Filosofia, Estética e Ciências da Arte, na prestigiada Universidade de Paris I - Sorbonne, a partir de 1981. A sua carreira continua em vários pontos da Europa como director de Centros de Investigação e como autor de livros e várias conferências sobre as novas músicas, nomeadamente nos próprios cursos de Darmstadt, na década de 80. Tem também uma vasta obra de composição para instrumentos a solo, orquestra, electro-acústica e outras tecnologias multimédia, tendo-se interessado por formas musicais cada vez mais complexas, desde o serialismo à música aleatória, passando pela música concreta, ao ponto de a sua acção criativa se desenvolver sobretudo na óptica de uma dramaturgia musical, onde toda a composição é uma “cenografia poliartística”, para utilizar a terminologia de alguns analistas.
O disco “Luna Cinese” parece corresponder à gravação de uma peça radiofónica em duas partes, que o próprio autor define como “um conto de ficção científica musical” num artigo publicado sobre essa mesma obra, na revista “Musique en jeu”. A peça é composta pela sobreposição de estratos ou camadas e colagem de segmentos com excertos de outra gravações, ora de composições orquestrais, ora de captações de som no exterior, ora ainda com a manipulação de fita magnética, instrumentos electrónicos e peças vocais multilinguísticas. Neste “conto” Miereanu desenvolve a sua concepção de “dramaturgia musical”, tomando os objectos sonoros e as suas estruturas como indícios de histórias fictícias, sem, no entanto, aderir a um programa, já que a sua postura vai no sentido de uma certa abstracção, antes actualizando e potenciando as virtualidades de um campo múltiplo de micro-eventos e estratos musicais, que convidam também a uma escuta activa por parte do ouvinte. Escutemos, pois, um excerto da “Parte prima” que preenche o Lado A do disco.
Lado A
Parte Prima (Seconda) (20:49)
Lado B
Parte Seconda (Prima) (20:22)
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