Saturday, October 13, 2007


DIE LISTE #30

Achim Reichel & Machines – “Echo” (1972)

“Echo”: tal como na semana passada, com “Samtvogel” de Günther Schickert, também este álbum, editado em 1972 pela Polydor, foi construído técnica e conceptualmente sobre os ecos de guitarra, entre outros ecos. Tal como a homónima ninfa da montanha nas “Metamorfoses” de Ovídio, também este “Echo” tem uma dimensão monstruosa e mitológica, não apenas pelo universo pagão que o habita, como pela extensão das faixas deste álbum duplo e pela orquestração quase sinfónica que anima os treze músicos que nele participaram, onde, para além do virtuoso guitarrista Achim Reichel, se destaca o não menos mítico Klaus Schulze, que inesperadamente se revela cantando. Achim Reichel não era na época nenhum desconhecido na cena musical de Hamburgo. Tendo sido um dos fundadores da banda pop The Rattles, já em 1963, que havia feito uma tourné com os Beatles, e depois formando os Wonderland. Bem, pelo contrário, esta aventura pelo krautrock e pela música mais experimental feita até meados dos anos 70, quando terminou este projecto A. R. & Machines, é que corresponde ao período mais obscuro e menos conhecido da carreira deste músico e actor. No entanto, estas explorações abriram novos caminhos e, sobretudo este “Echo” não fica nada a dever a outros gigantes do krautrock como os Ash Ra Tempel, que no mesmo ano lançaram o seu álbum “Schwingungen”.
Musicalmente, “Echo” respira o espírito psicadélico da época, o que é evidente ao escutar a exploração dos efeitos das câmaras de eco e de alguma electrónica, mas também nas “trips” mais improvisadas e até um pouco caóticas, num álbum que, no geral, respeita uma coerência estética interna. O que não impede, no entanto, que se reconheçam outras influências, do jazz ao acid folk e até à composição clássica, mas nada que espante numa época onde o espírito de fusão imperou. Começa com uma “Invitation” que instala o ritmo ecóico e a estrutura espiralada que atravessam os dois LPs, num ambiente cavernoso e de certa forma aquático. Depois seguem-se as quatro longas partes que exploram os ecos do tempo, no presente (primeira faixa do lado B), no futuro (lado A do segundo disco) e no passado (última faixa), sem esquecer “Das Echo der Zeit” (a segunda faixa do lado B no primeiro disco), que vamos escutar já de seguida, e que ecoa analéptica e prolepticamente a viagem no tempo de todo o álbum, com alusões mais psicadélicas nuns momentos e mais cósmicas noutros, mas sempre com uma intensidade e qualidade musicais que não poderiam passar despercebidos a Steven Stapleton e aos amantes do krautrock. Ouçamos, então, “O Eco do Tempo”.

Tracklist:

Side A

1. Invitation (20.32)

Side B

1. The Echo of the Present (10.08)
2. The Echo of Time (13.05)

Side C

1. The Echo of the Future (18.13)

Side D

1. The Echo of the Past (19.38)

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