Saturday, October 13, 2007


DIE LISTE #34

Gila – “Gila: Free Electric Sound” (1971)

“Unnachgiebiges aggressiv bekämpfen, ist kampf gegen sich selbst” é a frase repetida várias vezes no fim da segunda faixa de “Gila: Free Electric Sound” e é a que melhor exprime o espírito que concebeu este primeiro álbum dos Gila. Oriundos da comuna política de Stuttgart, os Gila Füchs, como se chamavam em 1969, data da sua fundação, praticavam um rock espacial e psicadélico na esteira dos Agitation Free, Ash Ra Tempel ou mesmo dos primeiros álbuns de Pink Floyd, colorindo as suas performances ao vivo com filmes, slides e alguma poesia. No verão de 1971, com a ajuda de Dieter Dierks, produziram o primeiro álbum de uma curta série binária, onde pretenderam exprimir a própria evolução do grupo: de uma atitude inicial mais agressiva e inflexível para uma forma mais equilibrada e generosa de comunicar através da música, pois, como diz a frase repetida, aquele primeiro combate não é senão uma luta contra si mesmo. Trata-se, pois, de um álbum conceptual que reflecte musicalmente a relação conflitual entre a natureza egoísta do indivíduo e a necessidade de a sua identidade se construir no meio social. A contra-capa do disco, editado em 1971 pela BASF, revela a mensagem, construindo-a num jogo de palavras com os títulos de cada faixa do álbum, para nos dizer que: a “agressão” impede a “comunicação” e leva ao “colapso” da consciência de si, que o Eu procura transformar de modo positivo ou negativo; [e] o Eu transformado positivamente aspira encontrar na “colectividade” a sua “individualidade” natural.
O disco usa uma significativa variedade de instrumentos e fórmulas musicais de um modo livre mas esteticamente coerente, reflectindo influências étnicas no uso que faz de tablas e gongos mas também no seu desapego a uma estrutura composicional fixa, sem no entanto deixar de mostrar um ímpeto vanguardista no modo como faz interagir aqueles instrumentos com a electrónica e as possibilidades retóricas do estúdio, tão bem trabalhadas por Dierks. Conny Veit, fundador do grupo e futuro membro dos Popol Vuh, assegura a consistência daquelas misturas com o seu excelente trabalho nas guitarras e nos efeitos da electrónica, que se combinam simbioticamente com o órgão e o mellotron de Fritz Scheyhing. “Agression” abre o disco com uma vaga de krautrock psicadélico, à qual se segue, até ao fim do lado A, a extensa faixa “Kommunikation” composta de divagações planantes e experimentações espaciais alimentadas pelos efeitos de estúdio, que culminam no mantra de auto-revelação já referido no início desta crónica. “Kollaps” começa o lado B com um tom lamentoso e misterioso, acentuado sobretudo pelo uso do órgão e do mellotron. “Kontakt” é uma peça mais experimental, com colagens sonoras e electrónica, mas que evolui rapidamente para uma disposição folk com inspiração oriental e a antecipar a futura evolução do projecto para o segundo álbum, que seria gravado em 1973. A mesma melodia é logo depois retomada em “Kollektivität” que evolui para uma deriva de improvisação rock mais livre e repetida na última faixa, “Individualität”, extremamente percussiva e tribal, quase hipnótica, onde não faltam as referências acústicas à vida selvagem de latitudes mais tropicais. Continuemos então com a faixa que está já em fundo: “Kommunikation”.

Tracklist:

A)
1. Aggression (4:33)

2. Kommunikation (12:47)

B)
3. Kollaps (5:30)
4. Kontakt (4:30)
5. Kollektivitat (6:40)
6. Individualitat (3:36)


Line-up:
- Daniel Alluno / drums, bongos, tabla - Fritz Scheyhing / organ, Mellotron, percussion, electronics - Conny Veit / guitars, voice, tabla, electronics - Walter Wiederkehr / bass

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