Thursday, May 24, 2007


DIE LISTE #18

Ghédalia Tazartès – “Transports” (1977)

Tazartès é de origem turca, mas nasceu em Paris, no “10ème arrondissement”, em 1947. Terá começado a cantar aos 12 anos, depois da morte da sua avó, mas apenas para si mesmo, deambulando primeiro pelo Bois de Vincennes e, depois, pelo resto da Europa, de Londres a Atenas até chegar à Àsia Menor, para visitar a terra natal de seu pai, Istambul. Destas suas viagens solitárias recolheu inúmeras experiências auditivas e delas fez a matéria dos seus discos futuros. Mas não estamos a falar de gravações de campo ou de mera “amostragem” de cariz étnico, estamos a falar de uma intensa experiência de audição activa que incorporou mais tarde, mecânica e electricamente, na composição concreta de uma heterogénea banda sonora - cinema para os ouvidos, segundo as lições de Michel Chion -, usando para isso mais do que bandas magnéticas e osciloscópios, a sua própria glote e as suas virtuosas cordas vocais. Foi Maio de 68 que o fez regressar a Paris, onde se tornou operário da General Motors em Genevilliers. Mais tarde, em 1974, participa num grupo bretão, decidindo comprar um micro, um magnetofone e uma câmara de eco, para então começar a forjar sozinho a sua própria linguagem musical, aquilo a que chamou de “Impromuz”.
Em 1977, no seu próprio estúdio de Paris, grava estas sessões de “Transports”, que ele mesmo produz, e que só editaria bem mais tarde, em 1984, pela Cobalt [por esse motivo podemos concluir que Steven Stapleton conhecesse apenas Ghédalia Tazartès do seu primeiro disco “Une Eclipse Totale du Soleil” de 1979, ainda que a inclusão do nome fosse feita só na lista adicional; apesar disto, escolhemos, de acordo com o Audion Guide, este disco por nos parecer também o mais digno de menção]. A música aqui gravada desafia qualquer tentativa de classificação, como muitos dos nomes desta lista, e falar de música industrial seria tão errado como falar de puro experimentalismo ou de música de cena, pois, embora corteje com todas estas zonas de criação musical, trata-se tão só de um singular e incomensurável idioma criativo – eventualmente, o tal “impromuz” – que só Tazartès saberá dizer. E por falta de palavras que o traduzam fiquemos com a sua música: ouçamos as quatro primeiras faixas do Lado A.

Nota: As 16 faixas não têm título na edição em LP.

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