Tuesday, March 27, 2007

PLANETARISCHE UMLAUFBAHN # 12 KRAFTWERK – Ralf & Florian

Remeter os Kraftwerk para o catálogo dos pioneiros na massificação da música electrónica é algo que não surpreende. Mas se a viagem mais mediática terá sido a que percorreu a “Autobahn” decorria o ano de 1974, é também verdade que desse percurso podia encontrar-se já antes algumas das coordenadas que lhe denunciavam grande parte do itinerário.
Um ano antes de “Autobahn”, os Kraftwerk eram o duo composto por Ralf Hütter e Florian Schneider. Após os dois primeiros álbuns, “Kraftwerk 1” e “Kraftwerk 2”, e as experiências com os Neu!, aqueles dois gizaram um álbum que pode considerar-se, a esta distância, um presságio do que viria a ser a sonoridade distintiva do grupo. Aliando a produção do incontornável Konrad “Conny” Plank com uma utilização criteriosa dos recursos de estúdio (na gravação de “Ralf & Florian foram utilizados estúdios comerciais para além daquele que o grupo já possuía, o mais tarde designado “Kling Klang”), o terceiro disco de originais dos Kraftwerk surgiu mais acessível, envolto numa estrutura rítmica e melódica que explorou várias possibilidades electrónicas, onde os sintetizadores e “drum machines” se destacavam.
Se o disco contém alguns elementos electroacústicos (a bateria convencional no tema de abertura “Elektrisches Roulette”, a flauta de Schneider nos pastoris “Tongebirge” e “Heimatklange”, guitarra e banjo em “Ananas Symphonie”), são as rigorosas composições electrónicas que atravessam todo o álbum . “Kristallo” e “Tanzmuzik” são os temas onde um maior dinamismo e acutilância rítmicas estão presentes, em contraponto com “Ananas Symphonie”, quinze minutos de um registo ambiental e etéreo que introduz a primeira utilização de uma das imagens de marca do grupo - o “vocoder”, responsável pelas vozes distorcidas e robóticas. O conjunto final apresenta-se límpido, aproximando a abordagem electrónica à pop com as pioneiras experimentações que o grupo havia encetado nos discos anteriores. “Ralf & Florian” talvez possa ter anunciado o começo da definitiva robotização dos Kraftwerk, abandonando a faceta mais experimentalista e industrial dos primeiros álbuns.

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