Monday, February 19, 2007


DIE LISTE #13


Birgé Gorgé Shiroc – “Défense de” (1975)


No fim da lista editada no primeiro disco de Nurse With Wound, os autores convidavam os interessados em LP’s de “música experimental eléctrica” a escrever para a United Dairies Produce, seguindo esse convite de três moradas em Inglaterra, carimbadas pelo serviço postal inglês com a indicação da inexistência ou desconhecimento de tais moradas. Tratava-se concerteza de uma nota de humor do grupo, mas tal referência no fim da lista pode ser interpretada como um indício do modo como o grupo reconhecia aquilo que fazia e aquilo que faziam os nomes dessa lista, isto é, “música experimental eléctrica”. É obviamente discutível esta designação, ainda que vaga e abrangente, para muitos dos nomes que ali constam, mas na nossa opinião assenta como uma luva ao projecto que hoje aqui trazemos: Birgé Gorgé Shiroc.

O nome é enigmático, mas só aparentemente, pois na verdade corresponde aos apelidos dos três principais elementos do grupo: Jean-Jacques Birgé, Francis Gorgé e Shiroc. O primeiro era um cineasta aprendiz e músico auto-didacta, amador do saxofone, mas sobretudo interessado pelos instrumentos de síntese. Em 1974 realizara com o seu amigo, Bernard de Mollerat, uma média-metragem experimental, intitulada “La Nuit du Phoque”; um filme com boas críticas, onde a música jogava um papel importante. As experiências musicais que Birgé já desenvolvia desde 1970 com Francis Gorgé (guitarrista e baixista), seu colega de liceu, continuaram a partir daí com o percussionista Shiroc. “Défense de” foi o resultado de gravações feitas na primavera de 1975, no apartamento da família de Sébastien Bernard, produtor de free jazz, onde abundavam instrumentos “exquisitos” – um órgão de tubos, um piano eléctrico, um xilofone, um violoncelo entre outros – e um gravador de oito-pistas. Às quatro faixas gravadas ali, foram acrescentadas mais duas com a participação do pianista Jean-Louis Bucchi e do saxofonista Antoine Duvernet, resultantes de sessões de estúdio durante o verão do mesmo ano. O disco foi o primeiro editado pela GRRR Records, fundada pelo próprio Jean-Jacques Birgé, que no ano seguinte iria também formar, com Bernard Vitet e com Francis Gorgé, “Un Drame Musical Instantané”, projecto experimental com uma forte vocação cinematográfica.

O carácter experimental, no seu sentido mais literal, e heterodoxo do disco faz com que seja difícil encontrar analogias, mas não pode deixar de reconhecer-se a influência da electrónica germânica nascente em “Réveil”, faixa de que vamos escutar um excerto.

Tracklist:

1. Crever (2:58)

2. La Bulle Opprimante (19:55)

3. Le Réveil (17:46)

4. Pourrait être brutal (4:23)

5. Surtravail I (15:35)

6. Surtravail II (3:46)

7. Pourrait être brutal (alt 1) (5:11)

8. Pourrait être brutal (alt 2) (4:41)

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