Thursday, February 15, 2007

PLANETARISCHE UMLAUFBAHN #10 – LIMBUS 3/4

A fusão estética experimental na abordagem musical constitui uma das marcas distintivas que muitos dos grupos alemães deixaram à sua produção entre finais de 60 e finais de 70. O contexto sócio-cultural mesclado pelo pós-psicadelismo para tal terá contribuído decisivamente, mas imperioso é igualmente destacar a excelência de grande parte dos seus intérpretes, quer do ponto de vista do seu virtuosismo técnico, quer do vanguardismo de muitos dos registos deixados. Tais factores abriram portas ao risco e á liberdade criativa, assumidos de forma distinta pelo grupo aqui em destaque.
Oriundos de Heidelberg, no sudoeste da Alemanha, os Limbus apresentaram-se inicialmente como trio (Odysseus Artner, Bernd Henninger e Gerd Kraus), expandindo-se depois com um outro elemento – Matthias Knieper – e passando a denominação do grupo a Limbus 4, sob o qual editaram o seu segundo e último registo (“Mandalas”). Estes colegas universitários revelaram um apurado sentido unificador na forma como a partir do free-jazz e da composição avant-garde editaram dois discos marcados por tons híbridos, imersos por devaneios de improvisação que nos remetem para um certo delírio muti-instrumental enquadrados com frequentes alusões étnicas orientais.
O primeiro álbum foi editado em 1969 enquanto Limbus 3. Intitulado “New Atlantis – Cosmic Music Experience”, ficou no entanto conhecido pelo subtítulo, traduzindo bem a vertente experimental do grupo, explorada de forma desordenada num caminho feito de bizarria que aponta para um imaginário negro e claustrofóbico. Este cunho evidencia-se no longo “New Atlantis – Island’s Near Utopia”, um contraponto, talvez, à fantasia utópica de Francis Bacon.
O segundo álbum chegou um ano depois, sendo um dos primeiros registos editados pela Ohr Records. “Mandalas” apresenta consistentes deambulações instrumentais num registo mais claro e diverso, onde espasmos de piano, violino e violoncelo criam lugares paradoxalmente intermitentes. As percussões, instrumentos de sopro e entoações vocais emprestam exotismo à toada psicadélica que se vai sentindo, num ecletismo que remete os Limbus para a galeria de notáveis artistas do lado mais estranho do Krautrock.

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