Monday, March 05, 2007

Planetarische Umlaufbahn #11
KRAFTWERK - RADIO-ACTIVITY


Radio-activity, ou Radio-aktivität (de notar que a partir daqui todos os discos dos Kraftwerk seriam lançados em duas versões, uma com as letras em inglês e outra em alemão), é um álbum conceptual que marca um passo em frente, ou atrás, consoante a perspectiva, para os Kraftwerk no seu caminho musical e artístico, com o uso exclusivo de sons totalmente electrónicos, e a saída definitiva do género Krautrock em direcção a um estilo muito próprio, o Robot-pop. Foi igualmente neste disco que Florian Schneider introduziu pela primeira vez as vozes sintetizadas, e Ralf Hütter desenvolveu o seu peculiar estilo de cantar/declamar, Sprechgesang.
Radio-aktivität pauta-se por melodias muito simples e agradáveis, que contrastam com a ambiguidade do conceito de radioactividade adoptado. Os nomes das músicas assim o atestam, com “Geiger Counter” e “Uranium” em referência à radioactividade nociva, e “Radio Stars” e “Antenna”, como testemunhos de uma radioactividade de entretenimento.

A embalagem da edição original também contribuía para esta ambiguidade. Na capa, que se mantém inalterada nas reedições sucessivas, podia-se visualizar uma representação de um rádio dos anos 30, e por dentro a imagem de uma antena, símbolos a que se contrapunha o símbolo de aviso de perigo radioactivo, impresso num conjunto de autocolantes que acompanhava a primeira edição.
Em 1975, ano da edição de Radio-activity, os Kraftwerk já apresentavam a sua mais popular formação de quatro elementos: Florian Schneider, Ralf Hutter, Wolfgang Flur e Karl Bartos. Numa primeira e rápida audição, este revela-se um disco bem-humorado, mas uma segunda e terceira revelam uma tristeza latente e opressiva. Naqueles tempos a ameaça nuclear pairava sobre todos, como um fantasma. O número de armas nucleares aumentava todos os dias, em jeito de corrida diabólica para uma meta assustadora, mas em sincronia também proliferavam as estrelas de rádio, uma outra radioactividade tão subtil e invisível como a primeira, que entrava em nossas casas e nos encantava com as suas melodias sobre auto-estradas sem fim, homens máquina, cafés eléctricos e computadores pessoais.

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