Monday, March 05, 2007

Planetarische Umlaufbahn #9
HOELDERLIN - HÖLDERLIN'S TRAUM

Hölderlin, ou Joachim Christian Friedrich Hölderlin, nasceu em 1770 na pequena localidade de Lauffen am Neckar, no reino de Würtemberg, e foi um dos grandes poetas líricos alemães, da escola clássica e romântica. O seu trabalho é hoje reconhecido como um marco da literatura germânica, mas nem sempre assim foi. Este contemporâneo de Hegel permaneceu largos anos na obscuridade, um indivíduo do seu tempo, apoiante fervoroso da Revolução Francesa.
Duzentos anos depois, em 1970, no seio da Revolução Alemã da música contemporânea, nasce Hölderlin, uma banda familiar composta pelos irmãos Christian e Jochen Grumbcow, e pela esposa do primeiro, Nanny de Ruig.
Tal como “Hölderlin poeta”, também “Hölderlin grupo” teria caído na obscuridade, não fosse Rolf Ulrich-Kaiser tomar conta dos destinos da editora Pilz em 1971, optando por uma linha de rock-folk progressivo, que esta família da pequena localidade de Wuppertal tão bem dominava. No primeiro disco, “Hölderlin’s Traum”, as tonalidades oníricas são evidentes, e os arranjos complexos e elaborados. A estas características não será estranho que a maior parte dos seis elementos que então compunham a família possuírem formação musical clássica. Em conjunto, estas seis pessoas tocavam, nada mais, nada menos, que quinze instrumentos diferentes, isto para além das colaborações de Peter Bürcsh na sítara e Mike Hellbach nas tablas, ambos dos Broselmaschine. O “Sonho de Hölderlin” foi gravado no estúdio de Dieter Dirks, que lhe imprimiu uma certa ambiência cósmica, e cunhado em vinil no ano de 1972.
A carreira discográfica dos Hoelderlin foi bruscamente interrompida com o encerramento das editoras Pilz e Ohr em 1973, e o seu regresso ocorre apenas em 1975, com um disco homónimo gravado pelo omnipresente Conny Plank. Às influências primordiais de grupos como os Fairport Convention e os Incredible String Band, que enformavam o primeiro disco, juntam-se duas outras: Genesis e King Crimson. A formação também sofreu alterações significativas. Por esta altura já Nanny de Ruig havia deixado o grupo. Juntava-se-lhes agora um novo guitarrista, Joachim Käseberg, que, mantendo a tradição familiar dos Hoelderlin, era irmão do baixista, guitarrista e vocalista, Peter Käseberg. O registo é agradável, revelador de uma complexidade musical e virtuosismo técnico notáveis, alternando entre o riff instrumental de velocidade estonteante, “Schwebebahn”, e o bem-humorado, “Love My Dog”, como aperitivos para a suite de dezassete minutos, “Deathwatchbeetle”.
Contudo, e apesar da sua luminosidade, o que fica mesmo na memória são as texturas psicadélicas e medievais do primeiro sonho de Hölderlin.

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