Monday, June 04, 2007

Planetarische Umlaufbahn
ELOY - OCEAN

Eloy (escrito com “y”), não confundir com a alcunha do futebolista espanhol José Olaya Paredes nem com a cidade norte-americana do mesmo nome situada no Arizona, são um colectivo germânico que deriva o seu nome de “Eloi” (escrito com “i”), uma raça futurista do romance de ficção científica “The Time Machine” de H.G. Wells. Fundados em 1969 por Frank Bornemann, único elemento que se manteve constante nos sucessivos alinhamentos, e originários de Essen, os Eloy são citados, ora como grupo seminal de krautrock, ora como clássicos do rock progressivo, na linha de uns britânicos Yes.
A origem da espécie “Eloy” teve o seu fundamento primordial num magma de células sonoras “hard rock”, com afiliação ancestral nos Deep Purple ou Uriah Heep. Este início pouco inovador augurava um futuro limitado para esta nova raça, mas o seu processo evolutivo rapidamente revelou mutações genéticas que lhe asseguraram a sobrevivência. Assim, depois do primeiro álbum homónimo em 1971, atípico pela prevalência de referências políticas nas letras, Frank Bornemann toma as rédeas do microfone e da produção, acentuando significativamente as influências cósmicas. No segundo registo, “Inside” de 1972, a combinação de elementos do rock clássico com a psicadelia é bem mais notória, traçando as linhas mestras de um projecto que duraria mais de trinta anos.
Durante a década de 70 os álbuns conceptuais tornaram-se uma espécie de moda e, como raça futurista que se prezava, os Eloy não ficaram de fora, gravando “Power and the Passion” (1975) e “Dawn” (1976), discos onde podemos encontrar fantásticas histórias de viagens no tempo, criações divinas, para além de outras divagações mirabolantes. Esta tendência tem o seu auge com “Ocean” (1977), disco pontuado por quatro longas faixas que traduzem as grandes fases históricas do mítico continente da Atlântida (“Poseidon’s Creation”, “Incarnation of the Logos”, “Decay of the Logos”, “Atlantis’ Agony at June 5th – 8498, 13 P.M. Gregorian Earthtime”). As sonoridades deste oceano em vinil são pautadas por guitarras virtuosas, ritmos mecânicos e sintetizadores cristalinos. As letras, por seu turno, revolvem em torno da mitologia grega, e contam como o Homem perdeu o paraíso na terra devido à sua natureza violenta. Admitindo que não se trata propriamente de um tema muito original, a sua pertinência no contexto histórico-político da altura é inquestionável, já que se tratava de um aviso velado à ameaça nuclear, semelhante a “Radio-activity” dos Kraftwerk.
Depois de “Ocean” a senda desta raça prosseguiu por muitos e longos anos e, embora não sejam apontados como inovadores, experimentalistas ou percursores, aos Eloy reconhece-se, pelo menos, o mérito da introdução massiva de influências provenientes da ficção científica na música alemã dos anos 70.

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