Monday, December 04, 2006

Planetarische Umlaufbahn #1 SAND

Os Sand são uma das singularidades discográficas dos anos 70, com um álbum de originais gravado em 1974, que possivelmente teria caído na completa obscuridade não o fosse David Tibet (Current 93) ter desenterrado da colecção privada de Steven Stapleton (Nurse With Wound). Originalmente apelidados de Part of Time, os Sand provêm da pequena cidade de Bodenwerder, no noroeste da Alemanha, e em 1970 eram compostos por Hannes Vester, pelos irmãos Papenberg, e por um par de outros músicos cuja identidade permanece desconhecida. Passado pouco tempo mudam-se para Colónia, onde encetam contactos com alguns membros dos Can e conhecem Klaus Schulze, que viria a ser determinante na sua breve carreira. 1972 constitui o ano das grandes mudanças. Vester viaja para Berlim com o objectivo de estudar psicologia, Ludwig e Ulrich Papenberg seguem as suas passadas, e é assim, na forma de um trio, que nascem oficialmente os Sand. Na capital alemã são expostos à cena musical experimental florescente bem como aos ideais políticos revolucionários em voga. Klaus Schulze, que por essa altura desenvolvia uma técnica de gravação inovadora, o Artificial Head Stereo Sound, em parceria com o engenheiro Manfred Schunke, e que mimetizava os efeitos surround dos sistemas de cinema caseiro actualmente omnipresentes, convida os Sand a gravarem um disco para “publicitar” este mecanismo. O álbum “Golem” acaba por sair em 1974 pela editora Delta-Acustic, como parte das séries Artificial Head. As sonoridades revolvem em torno de paisagens abstractas, onde se inclui o tema de abertura “Helicopter”, e de canções de carisma surreal, das quais sublinhamos “May Rain”, posteriormente alvo de uma versão por parte dos Current 93. Após a separação definitiva em 1975, Hannes Vester prossegue a sua carreira musical gravando “Born to Dawn” com o projecto a solo Joahnnes Vester and His Vester Bester Tester Electric Folk Orchestra, Apesar de contar mais uma vez com o auxílio de Schulze, e do seu Artficial Head, as gravações não chegaram a ser editadas na altura. Teríamos que esperar 20 anos até que “Born to Dawn” visse nascer a luz do dia.

Esta oportunidade surgiu 1996 com uma reedição luxuosa pela World Serpent, que continha o primeiro e único disco dos Sand, algumas versões e excertos não utilizados nesse registo, bem como as referidas gravações do projecto solitário de Vester. Um disco verdadeiramente prodigioso, se me é permitida a expressão, para escutar activamente, sem distracções.

(Planeten Sessions)

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