Tuesday, February 27, 2007


DIE LISTE #14

Álvaro – “Drinking My Own Sperm” (1977)


Muy buenas noches señores y señoras... Meine Damen und herren... Directamente do salão de festas em Valparaíso, o Valparaíso que deixou para trás, o Valparaíso que o viu nascer, num 7 de Dezembro de 1943: Álvaro! Álvaro Peña-Rojas: o poeta-pianista de mil e um talentos, que deixou o Chile em 1974, já com uma considerável carreira formada junto de grupos de rock’n’roll chilenos, como Los Challengers ou Los Bumerangs, para, em Londres, formar com Joe Strummer – esse mesmo, dos The Clash – os lendários The 101’ers e talvez inventar, como ele próprio reivindica, o Punk! E, no entanto, regressar pouco depois à sua América Latina e recomeçar, a solo, com este excêntrico disco cheio de ritmos latinos, flautas dos Andes e alguma nostalgia poético-pianística, mas sobretudo com um espírito progressivo de vanguarda e uma atitude sem compromissos, que lhe valeu lugar cativo na lista dos experimentos insólitos. Estamos a falar do não menos insolitamente denominado “Drinking My Own Sperm” de 1977!

São sete longos fragmentos de introspecção dobrados sobre si mesmo, com as pernas levantadas, ora provando o sémen da sua criatividade andina, ora chorando a melancolia de regressar a uma América “explorada”, onde os ricos “guiavam gordos carros”, a uma América “subjugada”, onde os pobres eram “deixados atrás das grades” e os índios “esfomeados morriam mascando coca”, mas uma América onde as pessoas não deixavam de dançar nas ruas nem de fazer amor nas ruas e onde, talvez um dia, a liberdade haveria de chegar e vencer. Esta esperança não morreria na longa carreira de Álvaro Peña-Rojas, com 18 discos e muita poesia escrita e publicada, vivendo hoje na Alemanha, mas regressando regularmente à América Latina com o seu escárnio e a sua acutilância.

Fiquemos, então, com “Valparaíso”, onde Álvaro se apresenta a si mesmo acompanhado ao piano; e, logo depois, com “Latino America”, uma ensalsada de ritmos com espírito social crítico.

Tracklist:

Lado A (19:03)

a) Latino America
b) Palido Sol
c) Drinking My Own Sperm
d) Three Trees

Lado B (18:29)

a) The Whip of Indifference
b) Valparaiso
c) Lost for Words

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Sunday, February 25, 2007

SEMANA SEM KOSMOS!
Devido à transmissão da Assembleia Magna da AAC, o Kosmos! não vai realizar-se. A emissão será retomada na próxima semana. Até lá, mais informação será por aqui disponibilizada.


PLANETEN SESSION XII (21.02.07)

Kraftwerk – “Tongebirge” (Ralf & Florian, 1973)
Kraftwerk – “Kristallo” (Ralf & Florian, 1973)
Kraftwerk – “Tanzmusik” (Ralf & Florian, 1973)

Die Liste #14 (Álvaro – “Drinking my Own Sperm”)

Guru Guru – “Medley: Rocken Mit Eduard/Something Else/Weekend/Twenty Flight Rock” (Guru Guru, 1973)
Kraftwerk – “Ananas Symphonie” (Ralf & Florian, 1973)

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Monday, February 19, 2007


DIE LISTE #13


Birgé Gorgé Shiroc – “Défense de” (1975)


No fim da lista editada no primeiro disco de Nurse With Wound, os autores convidavam os interessados em LP’s de “música experimental eléctrica” a escrever para a United Dairies Produce, seguindo esse convite de três moradas em Inglaterra, carimbadas pelo serviço postal inglês com a indicação da inexistência ou desconhecimento de tais moradas. Tratava-se concerteza de uma nota de humor do grupo, mas tal referência no fim da lista pode ser interpretada como um indício do modo como o grupo reconhecia aquilo que fazia e aquilo que faziam os nomes dessa lista, isto é, “música experimental eléctrica”. É obviamente discutível esta designação, ainda que vaga e abrangente, para muitos dos nomes que ali constam, mas na nossa opinião assenta como uma luva ao projecto que hoje aqui trazemos: Birgé Gorgé Shiroc.

O nome é enigmático, mas só aparentemente, pois na verdade corresponde aos apelidos dos três principais elementos do grupo: Jean-Jacques Birgé, Francis Gorgé e Shiroc. O primeiro era um cineasta aprendiz e músico auto-didacta, amador do saxofone, mas sobretudo interessado pelos instrumentos de síntese. Em 1974 realizara com o seu amigo, Bernard de Mollerat, uma média-metragem experimental, intitulada “La Nuit du Phoque”; um filme com boas críticas, onde a música jogava um papel importante. As experiências musicais que Birgé já desenvolvia desde 1970 com Francis Gorgé (guitarrista e baixista), seu colega de liceu, continuaram a partir daí com o percussionista Shiroc. “Défense de” foi o resultado de gravações feitas na primavera de 1975, no apartamento da família de Sébastien Bernard, produtor de free jazz, onde abundavam instrumentos “exquisitos” – um órgão de tubos, um piano eléctrico, um xilofone, um violoncelo entre outros – e um gravador de oito-pistas. Às quatro faixas gravadas ali, foram acrescentadas mais duas com a participação do pianista Jean-Louis Bucchi e do saxofonista Antoine Duvernet, resultantes de sessões de estúdio durante o verão do mesmo ano. O disco foi o primeiro editado pela GRRR Records, fundada pelo próprio Jean-Jacques Birgé, que no ano seguinte iria também formar, com Bernard Vitet e com Francis Gorgé, “Un Drame Musical Instantané”, projecto experimental com uma forte vocação cinematográfica.

O carácter experimental, no seu sentido mais literal, e heterodoxo do disco faz com que seja difícil encontrar analogias, mas não pode deixar de reconhecer-se a influência da electrónica germânica nascente em “Réveil”, faixa de que vamos escutar um excerto.

Tracklist:

1. Crever (2:58)

2. La Bulle Opprimante (19:55)

3. Le Réveil (17:46)

4. Pourrait être brutal (4:23)

5. Surtravail I (15:35)

6. Surtravail II (3:46)

7. Pourrait être brutal (alt 1) (5:11)

8. Pourrait être brutal (alt 2) (4:41)

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Thursday, February 15, 2007

PLANETARISCHE UMLAUFBAHN #10 – LIMBUS 3/4

A fusão estética experimental na abordagem musical constitui uma das marcas distintivas que muitos dos grupos alemães deixaram à sua produção entre finais de 60 e finais de 70. O contexto sócio-cultural mesclado pelo pós-psicadelismo para tal terá contribuído decisivamente, mas imperioso é igualmente destacar a excelência de grande parte dos seus intérpretes, quer do ponto de vista do seu virtuosismo técnico, quer do vanguardismo de muitos dos registos deixados. Tais factores abriram portas ao risco e á liberdade criativa, assumidos de forma distinta pelo grupo aqui em destaque.
Oriundos de Heidelberg, no sudoeste da Alemanha, os Limbus apresentaram-se inicialmente como trio (Odysseus Artner, Bernd Henninger e Gerd Kraus), expandindo-se depois com um outro elemento – Matthias Knieper – e passando a denominação do grupo a Limbus 4, sob o qual editaram o seu segundo e último registo (“Mandalas”). Estes colegas universitários revelaram um apurado sentido unificador na forma como a partir do free-jazz e da composição avant-garde editaram dois discos marcados por tons híbridos, imersos por devaneios de improvisação que nos remetem para um certo delírio muti-instrumental enquadrados com frequentes alusões étnicas orientais.
O primeiro álbum foi editado em 1969 enquanto Limbus 3. Intitulado “New Atlantis – Cosmic Music Experience”, ficou no entanto conhecido pelo subtítulo, traduzindo bem a vertente experimental do grupo, explorada de forma desordenada num caminho feito de bizarria que aponta para um imaginário negro e claustrofóbico. Este cunho evidencia-se no longo “New Atlantis – Island’s Near Utopia”, um contraponto, talvez, à fantasia utópica de Francis Bacon.
O segundo álbum chegou um ano depois, sendo um dos primeiros registos editados pela Ohr Records. “Mandalas” apresenta consistentes deambulações instrumentais num registo mais claro e diverso, onde espasmos de piano, violino e violoncelo criam lugares paradoxalmente intermitentes. As percussões, instrumentos de sopro e entoações vocais emprestam exotismo à toada psicadélica que se vai sentindo, num ecletismo que remete os Limbus para a galeria de notáveis artistas do lado mais estranho do Krautrock.

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PLANETEN SESSION XI (14.02.07)

Kraftwerk – “Geiger Counter” (Radio-Activity,1975)
Kraftwerk – “Radioactivity” (Radio-Activity,1975)
Kraftwerk – “Radioland” (Radio-Activity,1975)
Kraftwerk – “Airwaves” (Radio-Activity,1975)

Die Liste #13 – Birgé Gorgé Shiroc

The Cosmic Jokers – “Galactic Supermarket, part.1” (Galactic Supermarket, 1974)
The Cosmic Jokers – “Galactic Supermarket, part.2” (Galactic Supermarket, 1974)

Kraftwerk – “The Voice of Energy” (Radio-Activity,1975)
Kraftwerk – “Antenna” (Radio-Activity,1975)
Kraftwerk – “Radio Stars” (Radio-Activity,1975)

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Saturday, February 10, 2007

PLANETARISCHE UMLAUFBAHN #8 – HARMONIA, MUSIK VON HARMONIA

Um belo exemplo de como a partir de rupturas, de mudanças de direcção, de crises, se podem proporcionar sinergias criativas notáveis. Musik von Harmonia, o primeiro disco dos Harmonia, personifica esta nota introdutória. Metaforizados pela capa do disco, quiçá se possa equiparar os Harmonia a poderosos agentes de criação (ou de limpeza), ao ponto de Brian Eno lhes ter cunhado o epíteto de “mais importante grupo rock de todos os tempos”. Curiosa também a leitura que poderá ser feita para a evolução verificada nos projectos depois retomados pelos elementos do grupo…
O trio constituído por Dieter Moebius, Hans-Joachim Roedelius e Michael Rother foi um enclave musical comprometido entre os Cluster dos dois primeiros e os Neu!, que Rother entretanto abandonara. A dupla Moebius e Roedelius lançara os dois primeiros discos dos Cluster e, no Verão de 1973, encontravam-se num ponto de bifurcação relativamente ao que tinha sido o seu percurso – o álbum seguinte, “Zuckerzeit”, é um claro exemplo denunciador da influência que os Harmonia deixaram nos Cluster, ou não tivesse sido produzido por Michael Rother…. A partilha da Brain como editora e de Conny Plank como co-produtor foram factores certamente importantes para que a separação dos Neu! fosse aproveitada por Rother para se juntar aos Cluster.
Em Forst, refúgio rural onde os Cluster tinham acabado de construir o seu estúdio, o trio potenciou, no fundo, as coordenadas distintivas que os caracterizavam. Em Musik von Harmonia encontram-se as atmosferas electrónicas espaciais e abstractas dos Cluster (“Sehr Kosmische”, “Ohrwurm”) e o ritmo motórico-hipnótico dos Neu! (notoriamente perceptível em “Dine” e “Veterano”). Apesar de o disco se apresentar genericamente em rotação mecânica e repetitiva, a diversidade que dele ressalta transporta-nos até lugares feitos de iluminados e melódicos loops percussivos de rock electrónico, bem como em direcção a planantes texturas cósmicas de sintetizadores, teclados e piano.
Se é certo que a vanguarda do electro-pop possa bem ter aqui encontrado valiosos guias (“Watussi”, “Sonnenschein” e “Veterano”), foi a faceta etérea e ambiental dos Harmonia que fez com que a atenção de Brian Eno neles recaísse, encetando uma colaboração que deu frutos com o álbum “Tracks and Traces”.
É também pelo seu carácter ambíguo que o disco se torna fascinante: se quente e melódico, por vezes sombrio e sério, ou apenas a certeza de quem anunciou tempos futuros.

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Thursday, February 08, 2007


DIE LISTE #12

Catherine Ribeiro + Alpes – “Nº 2” (1970)

Catherine Ribeiro + Alpes = Nº 2. Esta é a equação alquímica que trazemos hoje. Os seus ingredientes são Catherine Ribeiro, actriz e cantora francesa, Alpes, o colectivo musical formado em 69 e a soma estético- metafísica consubstanciada pelo amor, entre Patrice Mouillet, o principal mentor do grupo, e a referida cantora. Tudo começou no cenário de “Les Carabiniers” de Jean-Luc Godard, em 1963, quando ela era Cleópatra e ele, sob o pseudónimo de Albert Juross, era Miguel Ângelo. Tão improvável encontro, como aquele outro “entre um guarda-chuva e uma máquina de costura”, tinha que vir parar ao cardápio aleatório de bandas dos Nurse With Wound, pois anos mais tarde o inventor do cosmophone e do percuphone, juntamente com alguns músicos amigos, entre os quais Denis Cohen (pianista, organista e percussionista), construíam as bandas sonoras para as interpretações dramaticamente apaixonadas de Catherine Ribeiro. Este foi o segundo disco (como o próprio nome indica), gravado por este grupo, já em 1970, ano profícuo em concertos deste colectivo. Este é o primeiro trabalho, contudo, em que usam o nome de Alpes, visto que anteriormente, usavam o nome de “2 bis”. Até 1980, ponto culminante da carreira do conjunto, gravaram 9 álbuns e deram cerca de 500 concertos em França e no resto do mundo.

Em “Nº2”, Catherine Ribeiro canta com uma energia que faz lembrar Brigitte Fontaine e Colette Magny, mas enquanto estas se aventuravam no free-jazz e no pop, Ribeiro inspirava-se na sua experiência de teatro e no canto de intervenção do país dos seus antepassados – Portugal, evidentemente –, ao mesmo tempo que Patrice Mouillet se inspirava em tendências mais germânicas, nomeadamente, no krautrock de Ash Ra Tempel ou Amon Düll. Esta combinação estranha não podia no entanto produzir melhores resultados do que a extensa faixa do lado B, “Poème non épique”. A longa improvisação de Patrice Mouillet com a sua lírica eléctrica cria o espaço (in)harmónico ideal para a teatralizante interpretação de Catherine, mas não se limita a ser um acompanhamento para a sua voz incomparável, antes se entrelaça e evolui com ela, à medida que uma emoção dá lugar a outra, no intenso delírio patético de uma amante enganada. Depois desta prova emocional, o LP termina com uma nostálgica Balada de Coimbra, atribuída no disco a José Afonso, acabando assim o disco mais próximo de uma presença portuguesa na Lista de NWW.

Catherine Ribeiro (voz); Patrice Mouillet (zither, guitarra clássica, voz); Denis Cohen (percussão, órgão); Isaac Robles Monteiro (guitarra portuguesa); Pires Moliceiro (guitarra portuguesa)

Mais informação

Tracklist:
1. Prélude (0:25)
2. Sîrba (5:45)
3. 15 Août 1970 (4:21)
4. Silen voy kathy (7:26)
5. Prélude (0:25)
6. Prélude (0:27)
7. Poème non épique (18:40)
8. Balada das águas (3:28)

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PLANETEN SESSION X (07.02.07)

Limbus 3 – “Oneway trip” (New Atlantis – Cosmic Music Experience, 1969)
Limbus 3 – “Valiha” (New Atlantis – Cosmic Music Experience, 1969)

Die Liste # 12 (Catherine Ribeiro+Alpes)

Embryo – “The special trip” (Father, son and holly ghosts, 1972)
Embryo – “King Insano” (Father, son and holly ghosts, 1972)
Limbus 4 – “Dhyana” (Mandalas, 1970)

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Thursday, February 01, 2007


DIE LISTE #11

Robert Wyatt – “The End of an Ear” (1971)

Já por várias vezes aludimos ao carácter inclassificável dos álbuns da lista que fomos seleccionando. Aliás, foi a sua natureza de excepção que lhes valeu a inclusão nesta lista heteróclita. E este é mais um caso flagrante onde a excepcionalidade não foge à regra. É o primeiro álbum a solo de Robert Wyatt e o mais experimental. Ora, se atentarmos na carreira deste músico ímpar na história do rock, a última afirmação ganha particular impacto. Pois trata-se do baterista e vocalista, elemento fundador, em meados dos anos 60, do seminal grupo de Canterbury, Wilde Flowers e, poucos anos depois, dos - ainda mais influentes desbravadores de caminhos - Soft Machine (ao lado de Kevin Ayers). Isto significa que foi uma das figuras de proa da “Cena de Canterbury” (ou do “Som de Canterbury”), onde a liberdade de improvisação do jazz contagiou o rock pós-psicadélico inglês e a erudita formação dos músicos permitiu a composição inteligente de longas e complexas estruturas harmónicas, sem fugir completamente à melodia. “The End of an Ear”, de 1971 - ano em que Wyatt se preparava para deixar os Soft Machine - capitalizou essa experiência progressiva e jazzística do rock, mas, mais que isso, abriu virtualidades criativas com a utilização de efeitos de estúdio e manipulação da fita magnética, desconstruindo os métodos de composição e gravação de um álbum. Para além disso, o experimentalismo deste disco anunciava, no início dos anos 70, a reacção contra-corrente do “Rock in Opposition” do final da década.

O disco abre com um “fade in” de onde surge uma elaboração livre sobre um famoso tema de Gil Evans, “Las Vegas Tango”, e fecha circularmente com outra decomposição do mesmo tema. São as únicas faixas do álbum onde se ouve a voz de Robert Wyatt, que é, porém, usada como um instrumento de jazz e material sonoro concreto para a desmultiplicação em estúdio de várias camadas numa estrutura complexa de composição, em vez de ser uma verbalização da melodia. Delas escutaremos a primeira, onde um encantamento melancólico faz, paradoxalmente, par com a alegria musical da criação num tango nostálgico. O resto do disco são fragmentos experimentais, onde Wyatt mostra os seus talentos de multi-instrumentista, dedicados a cada um dos seus colegas da era de Canterbury, o que parece fazer deste disco uma despedida, quando, de facto, anuncia tantos anos de criatividade intensa. Ouviremos desde já, a oferta musical “To Mark Everywhere”, onde Wyatt põe as suas qualidades de baterista ao serviço da experimentação.

Tracklist:

1. Las Vagas Tango Part 1 (8:13)
2. To Mark Everywhere (2:26)
3. To saintly Bridget (2:22)
4. To Oz Alian Daevid and Gilly (2:09)
5. To Nick Everyone (9:15)
6. To Caravan and Brother Jim (5:22)
7. To the old World (Thank you for the use of your body, Goodbye) (3:18)
8. To Carla Marsha and Caroline (For making everything beautifuller) (2:47)
9. Las Vagas Tango part 1 (11:07)

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