Monday, November 27, 2006


PLANETEN SESSIONS

A premissa de apresentar o fenómeno do “krautrock” de forma vasta e ao mesmo tempo criteriosa na diversidade e qualidade dos seus intervenientes, irá levar a que as rotas das próximas viagens cósmicas sejam alteradas. Assim, depois de percorridos de forma sumária alguns dos maiores vultos da música que se fazia pela Alemanha na década que mediou o final dos anos 60 e 70, as próximas emissões de kosmos! irão destacar com maior profundidade um grupo ou artista em particular.
As nossas escolhas – tal como, aliás, as precedentes “monster sessions” – vagueiam por entre a subjectividade dos tripulantes. As sessões denominar-se-ão "Planeten".

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Wednesday, November 22, 2006



DIE LISTE #2

Kraftwerk – “Kraftwerk” (1970)

Em centésimo quadragésimo sétimo lugar da lista, isto é, no meio aritmético de uma lista de 293, vem um nome familiar: Kraftwerk. O grupo dispensa apresentações, porém, o disco que aqui se traz hoje e que segundo o Audion Guide faria parte da colecção privada dos Nurse With Wound - (abrimos um parêntesis para dizer que a lista é apenas composta de nomes de grupos ou músicos e não dos discos, pelo que um dos mistérios que os entusiastas da lista tentam resolver é que disco ou discos existiriam naquela colecção: as entrevistas que Alan e Steven Freeman mantiveram com Steven Stapleton, John Fothergill e Heman Pathak, na preparação do Audion Guide to Nurse With Wound, deram pistas para a solução do problema. Seguiremos aqui em geral as indicações desse guia, corrigidas por vezes pelas informações recolhidas no livro de David Keenan “England’s Hidden reverse”, de 2003, sobre o underground esotérico de Coil, Current 93 e Nurse With Wound.) – o disco de Kraftwerk que aqui trazemos hoje não é nem “Autobahn”, nem “Trans-Europe Express” ou “Die Mensch-Maschine”, mas o mais desconhecido e homónimo álbum de 1970, produzido pelo famoso e influente Konrad “Conny” Plank, “Kraftwerk”. Ralf Hütter e Florian Schneider-Esleben, os fundadores da banda, usaram orgão Hammond, flauta manipulada, violino eléctrico, guitarra e um baixo electrónico e foram acompanhados pelos bateristas Andreas Hohmann, no lado A, e Klaus Dinger, no lado B, para elaborar um álbum experimental, ainda ligado a um certo psicadelismo, mas apresentando já caminhos abertos para uma nova electrónica que tanto marcaria a música das décadas seguintes. Este não é concerteza um disco que se associe imediatamente aos sons que reconhecemos de Kraftwerk, e os próprios Ralf e Florian não o incluem no seu reportório canónico, mas talvez pelo seu carácter vanguardista e experimental o associemos mais facilmente com o Krautrock do que os álbuns posteriores.
Seleccionámos a faixa “Megaherz”, primeira do lado B, cujo título em alemão permite o trocadilho entre a medida das frequências e o neologismo “mega-coração”. Trata-se de uma faixa minimalista e atmosférica, quase “drone”, mas com dissonâncias e uma subtil agressividade que anuncia o som industrial de anos depois. Ouçamos, então, “Megaherz”.


Track list:
1. Retreat (Ruckzuck) (7:47)
2. Stratovarius (12:10)
3. Megaherz (9:30)
4. From the High Skies (Von Himmel Hoch) (10:12)

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DIE LISTE #1


Agitation Free – “Malesch” (1972)

Porque o critério de selecção não será alfabético, decidimos precisamente começar com o primeiro nome da lista numa ordem alfabética: Agitation Free. Uma das seminais bandas berlinenses dos anos 60 que contribuiu para o aparecimento daquilo a que se viria a chamar “krautrock”. Fundada em 1967, incluía originalmente Michael "Fame" Günther no baixo, Lutz "Lüül" Ulbrich e Lutz Ludwig Kramer nas guitarras e Christopher Franke na bateria, quando se chamavam simplesmente Agitation. Porém, a formação do grupo teve várias peripécias: em 1971, o baterista iria para os Tangerine Dream e seria substituido por Burghard Rausch, Axel Genrich, que havia tocado com eles durante três meses deixara também a banda para se juntar aos Guru Guru em 1970 e Jörg "Joshi" Schwenke foi recrutado para o seu lugar, tendo-se juntado também Michael Hoenig nos teclados. O primeiro álbum editado foi Malesch, em 1972, na Music Factory Label, já sob o nome Agitation Free; e é esse disco que trazemos hoje. Inspirado nas viagens que haviam feito os membros da banda pelo Norte de África e Médio Oriente, trata-se de um álbum com longas faixas predominantemente instrumentais, com momentos de improvisação e incluindo alguns sons gravados naqueles locais. Os teclados e a electrónica marcam uma presença forte ao lado de uma referência étnica distinta. Escolhemos a faixa homónima “Malesch”.


Track list:
1. You Play For Us Today (6:08)
2. Sahara City (7:42)
3. Ala Tul (4:50)
4. Pulse (4:43)
5. Khan El Khalili (8:10)
6. Malesch (8:10)
7. Rücksturz (2:09)

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MONSTER SESSION V (22 de Novembro de 2006)

Amon Düül II - "Restless skylight transistor child race from here to your ears" (Tanz der lemminge, 1971)
Cluster - "Hollywood" (Zuckerzeit, 1974)
Cluster - "Caramel" (Zuckerzeit, 1974)
Ashra - "Shuttle cocks" (Blackouts, 1978)

DIE LISTE #2 (Kraftwerk)

Klaus Schulze - "Satz ebene", exct. (Irrlicht, 1972)
Amon Düül II - "Luzifers Ghilom" (Phallus Dei, 1969)


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Wednesday, November 15, 2006



DIE LISTE (crónicas da autoria de Nuno Fonseca)

Em 1979, “Chance meeting on a dissecting table of a sewing machine and an umbrella” era o primeiro disco gravado pelos Nurse With Wound, grupo formado então por Steven Stapleton, John Fothergill e Heman Pathak, três elementos sem formação musical clássica, mas com um apurado gosto pela inovação e experimentação musicais. Coleccionadores fanáticos do bizarro e do esquisito, percorriam lojas de discos em segunda mão à procura de raridades, comprando-as muitas vezes apenas pelo aspecto da capa ou pelo nome desconcertante do grupo, reunindo-se depois no minúsculo quarto de Stapleton para ouvir durante horas as suas mais recentes aquisições. A partir da colecção conjunta, elaboraram os três uma lista que incluiram no seu primeiro disco com as bandas que mais os influenciaram na sua elaboração, dela constando nomes conhecidos da música experimental dos anos 60 e 70, muitos grupos do rock progressivo e sobretudo do “krautrock”, alegadamente uma das maiores influências, ainda hoje, de Steven Stapleton, mas também nomes completamente obscuros. Segundo o próprio Stapleton numa entrevista à Wire, alguns nomes teriam sido inventados, mas John Fothergill insiste em que todos os nomes da lista correspondem a grupos que existiram, mesmo que alguns apenas tenham feito gravações privadas.
À lista original foram acrescentados nomes adicionais no segundo disco, “To the quiet man from a tiny girl” (1980), perfazendo um total de 293 nomes de grupos ou músicos. Desde então, cresceu uma autêntica saga coleccionista à volta desta lista que se tornou um objecto virtual de culto, tanto para fãs de Nurse With Wound, como para os que simplesmente gostam de explorar bizarrias musicais e raridades discográficas.
O objectivo desta crónica sonora é percorrer mais ou menos aleatoriamente a lista, seleccionando um nome e falando um pouco do músico ou grupo e do disco em questão, quando a informação estiver disponível, obviamente, visto que alguns são definitivamente obscuros, na eventualidade de realmente existirem. Incluída num programa sobre “krautrock”, daremos por isso destaque aos grupos alemães que ali estão enumerados, mas também a músicos ou grupos de outras paragens que, sendo relativamente contemporâneos, ou seja, entre os finais dos anos 60 e princípios dos anos 80, ajudam a compreender o mundo de experimentação e inovação musical, onde surgiu e que preparou as décadas seguintes. Onde for relevante, podemos apontar a influência directa de determinado disco na obra de Nurse With Wound.


MONSTER SESSION IV (15 de Novembro de 2006)

Popol Vuh - "In the garden of the pharao" (In den Gärten Pharao, 1972)
Guru Guru - "The story of life" (Guru Guru, 1973)
Ash Ra Tempel - "Jenseits" (Join Inn, 1972)
Walter Wegmüller - "Die Herrscherin" (Tarot, 1972)

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Monday, November 13, 2006


MONSTER SESSION III (8 de Novembro de 2006)

Kraftwerk - "Kometenmelodie 2" (Autobahn, 1974)
Harmonia - "Watussi" (Musik von Harmonia, 1974)

DIE LISTE #1 (Agitation Free)

Neu! - "Neuschnee" (Neu!2, 1973)
La Düsseldorf - "Time" (La Düsseldorf, 1976)
Brainticket - "Visions" (Celestial Ocean, 1974)
Michael Rother - "Feuerland" (Flammende Herzen, 1976)

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Como certamente notaram, no dia 1 de Novembro o Kosmos! não se realizou. Motivo: transmissão, em directo, dos concertos da Latada 2006.

Tuesday, November 07, 2006

MONSTER SESSIONS

"The greatest krautrock image of all is surely the sleeve of Amon Düül II's Live in London. A gigantic German-helmeted Storm-trooper insect claws the London Post-Office tower from its foundation as flying-saucers lay the city to waste overhead"
Julian Cope

As primeiras emissões, genericamente designadas de "Monster Sessions", visam dar a conhecer algumas das principais referências de um fenómeno musical que veio a ficar conhecido na história, não sem alguma polémica, como "krautrock". Sob esta designação podem ser agrupadas as inúmeras produções alemãs entre fins de 60 e fins de 70, que exploraram as possibilidades da electrónica no âmbito do rock progressivo. Como qualquer guia introdutório, as sessões - monstruosas, gigantescas e gargantúas pelas personalidades musicais abordadas - pecam pela abordagem simplificada de matérias complexas. Esperemos que ganhem em poderio iniciático. Bem vindos aos domínios da Kosmische Musik.

MONSTER SESSION I (18 de Outubro de 2006)

Faust - "Krautrock" (Faust IV)
Agitation Free - "Ala Tul" (Malesch)
Tangerine Dream - "Phaedra" (Phaedra)
Cluster - "I" (Cluster 71')
Neu! - "Hallogallo" (Neu!)

MONSTER SESSION II (25 de Outubro de 2006)

Can - "Peking-O" (Tago Mago)
Amon Düül - "Special Track Experience 15" (Experimente)
Amon Düül - "Special Track Experience 16" (Experimente)
Amon Düül II - "Soap Shop Rock" (Yeti)
Embryo - "Free" (Father, Son, And The Holy Ghosts)
Tangerine Dream - "Journey Through A Burning Brain" (Electronic Meditation)
Cosmic Jokers - "Im Reich Der Magier" (Sci-Fi-Party)

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